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O fracasso de Trump diante da pandemia

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O fracasso de Trump diante da pandemia

Falhas do presidente no combate ao coronavírus contribuíram para agravar a maior tragédia americana no século, que já ultrapassa os 100 mil mortos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, na quinta-feira (28) Reuters/Jonathan Ernst O presidente Donald Trump passou boa parte do mandato vangloriando-se de seus feitos e culpando o antecessor Barack Obama pelo que dava errado.

Agora que os EUA ultrapassam o marco sombrio de 100 mil mortos pela pandemia do novo coronavírus, com 40 milhões de desempregados, a tática trumpiana de escorar-se na economia faz água, assim como o ataque aos adversários.

O fracasso dos EUA diante da pandemia é cada vez mais evidente e o presidente, sem dúvida, contribuiu para agravar a maior tragédia americana em um século.

De início, subestimou o vírus e prometeu fazê-lo desaparecer como um milagre.

“Temos tudo sob controle, o surto não chegará ao nosso país”, assegurou ele em janeiro.

A doença não apenas avançou em território americano, como o vírus foi tachado de chinês, em mais uma tentativa do presidente de transferir a responsabilidade para terceiros.

O presidente simulou uma guerra contra o que chamou de inimigo invisível, com armas erradas.

Tardou a recomendar o distanciamento social.

Quando o fez, em março, o novo coronavírus já tinha se alastrado pelo território americano.

Minou os conselhos de seus assessores da área médica, promoveu o uso da hidroxicloroquina como solução para dar fim à guerra que começava a ameaçar a reeleição.

Em desacordo com a ciência, tentou controlar o calendário da pandemia.

Anunciou a reabertura da economia antes que a doença chegasse ao pico e teve que recuar.

Faltavam testes e respiradores na potência mais poderosa do mundo.

Na pressa de retomar as rédeas e fazer o país voltar a uma era que ficou para trás, Trump desprezou o papel de liderança que cabia aos EUA.

Voltou-se contra a OMS, cancelando financiamentos, em nova investida de encontrar um bode expiatório para a pandemia.

Sugeriu a ingestão de desinfetantes, e houve quem seguisse o conselho presidencial.

Em tensas e longas entrevistas diárias, nos fins de tarde, ofendia jornalistas.

Trump entrou em confronto direto com governadores, que resistiam à pressa de reabrir empresas, escolas e templos religiosos.

Num contra-ataque aos governos regionais, estimulou protestos contra a quarentena.

O novo coronavírus invadiu a Ala Oeste da Casa Branca, mas o presidente se protegeu com testes diários e admitiu o uso de hidroxicloroquina, apesar da multiplicação de estudos científicos que não comprovavam sua eficácia contra a Covid-19.

Vaidoso, ainda recusa-se a dar o exemplo e descarta o uso máscara facial, até mesmo quando está diante do grupo mais vulnerável ao vírus -- os veteranos da Segunda Guerra.

No início do surto, o presidente chegou a admitir que se o país tivesse 100 mil mortos, seria o sinal de ele que teria feito um bom trabalho.

Mas um estudo da Universidade de Columbia mostrou que 36 mil vidas teriam sido poupadas no país se ele tivesse agido antes.

Com 4% da população global, os Estados Unidos têm 28% das mortes da Covid-19.

Será difícil para Trump descolar sua biografia do fracasso na condução da pandemia.

A menos de seis meses das eleições, nunca fez tanto sentido a declaração pronunciada por ele há três anos e meio, em seu discurso de posse: “Esta carnificina americana termina agora.

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Publicada por: RBSYS

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