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O que é Yule? Celebração pagã dá origem a vários símbolos do Natal

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O que é Yule? Celebração pagã dá origem a vários símbolos do Natal

Pinheiro, luzes, frutas, nozes, cores e o significado de renascimento já faziam parte da celebração que precede a festa natalina.

As pinhas tradicionais nas decorações de Natal vêm dos pinheiros, ambos característicos do Sabbat de Yule Giulia Bucheroni/TG O Natal todo mundo conhece como a celebração do renascimento de Cristo, mas símbolos como o pinheiro, luzes, frutas, nozes, as cores em vermelho, verde e branco, dentre outros, e o significado de renascimento, já faziam parte de uma celebração ainda mais antiga: yule.

No Norte da Europa pré-Cristã, germânicos faziam rituais do final do mês de dezembro até os primeiros dias de janeiro, pedindo aos deuses ligados à fertilidade, em especial ao Deus [Sol] e à Deusa Mãe [Natureza], que conseguissem vencer a escuridão e as colheitas escassas, já que o período abrange o Solstício de Inverno (21 e 22 de dezembro) – período que o dia é menor e ocorre a noite mais longa do ano -.

Nessa época, havia o medo de que a natureza não voltasse a ser fértil.

“O Yule é celebrado de 21 de dezembro até 1º de janeiro.

É um período grande até a chegada da ‘criança da promessa’, que é anunciada pelos raios solares.

É o retorno do sol”, completa a doutora em educação e pesquisadora sobre paganismo contemporâneo no curso de Ciências da Religião da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Roseli Souza.

Uma das primeiras referências ao Yule é de um escrito assinado pelo monge inglês Bede, que escreveu no início do século VIII sobre “giuli” - período que marcava o momento em que a luz do sol começou a aumentar novamente no solstício de inverno.

“O Yule é uma marcação de passagem do tempo”, resume a professora.

Um menino participa das celebrações do solstício de inverno, na Praça Lukiskes em Vilnius, Lituânia.

Petras Malukas/AFP Ela complementa dizendo que os povos antigos relacionavam o retorno do sol ao renascimento da natureza, por isso se falava na “criança da promessa´”.

Era o sol nascendo de novo.

“É importante não confundir o sabbat com o sábado do cristianismo ou com o Shabat, do judaísmo.

O Sabbat é um encontro ritualístico, e lá no século VIII, os rituais não tinham ligação alguma com seitas ou doutrinas contrárias aos ensinamentos cristãos.

Eles celebravam as passagens de tempo, os ciclos da natureza”, explica.

E nos rituais de Yule, se agradecia pelo retorno da luz, pela coragem de ter enfrentado o período crítico do inverno e se pede pela continuação da vida.

No período, os povos antigos europeus levavam grandes toras de madeira para casa (conhecidas como toras ou tronco de Yule, que deram origem a um bolo no formato da madeira), as acendiam, e as cinzas eram jogadas nas plantas.

Como era um período ainda escuro, as casas eram decoradas com muitas velas.

Uma das árvores mais utilizadas era o Pinheiro, já que é uma das poucas que sobrevivem ao inverno sem perder as folhas.

Elas eram colocadas nos cantos das casas e decoradas com pedaços de comida, como maçãs, runas (formas de adivinhação), estátuas, tiras de tecido e cores fortes como o verde e o vermelho.

“Também havia troca de presentes.

Como as pessoas ficavam muito tempo presas dentro de casa por causa da neve, das chuvas, passavam muito tempo juntas e havia a brincadeira da troca mágica de presentes, que não eram comprados.

Eram, muitas vezes, objetos da pessoa, que ela gostava e entregava a alguém, presentes de afeto.

Essas brincadeiras faziam o tempo passar, possibilitavam o acolhimento, a harmonização, a partilha”, descreve a professora.

Yule é uma comemoração pagã que celebra o nascimento da 'criança prometida' Deny Oliver/Divulgação A celebração desse período da natureza, na língua inglesa, significa “em torno do natal”, “natalício”.

“O Yule não é anticristão.

A celebração de Yule é uma entre as outras do ciclo da terra que falam de nascimento, vida e morte”, diz Roseli Souza.

“A cultura pagã não é contrária ao cristianismo.

Se tem a ideia de que quem não se converteu ao cristianismo, resistiu à mudança de política espiritual, ficou na condição de pagão e é algo anticristão.

Não é esse sentido que existe no Yule, é uma prática de espiritualidade, como existem tantas outras religiões com práticas que não são as mesmas do cristianismo.

É muito necessário desvincularmos que todo não-cristão seria pagão, porque o sentido pejorativo de pagão nasce disso.

As festas pagãs são festas de uma cultura, de uma espiritualidade, e as festas cristãs se instituem dentro da história do cristianismo”, explica a pesquisadora.

Nascimento em 25 de dezembro e reinício em 1º de janeiro? Com a expansão do cristianismo pelo mundo, uma das estratégias utilizadas para migrar do politeísmo, crença em vários deuses, para o monoteísmo, crença em apenas um, foi aprender sobre a cultura dos povos antigos e traçar paralelos.

O rei norueguês Haakon foi uma figura importante na conversão do povo ao cristianismo no século 10 depois de Cristo.

Ele decretou que a festividade de Yule passaria a ser comemorada no dia 25 de dezembro, data que a Igreja estipulou como nascimento de Jesus.

“Ele estipulou que fosse celebrado na mesma época que a festividade do Deus Sol, como criança que chega para dar sentido de nascimento”, diz a professora.

Com o tempo, as celebrações consideradas pagãs e as cristãs se sincretizaram e passaram a ser vistas como uma só, mas teve uma força maior do catolicismo.

Natal se tornou um nome para o Yule.

Em muitos idiomas, “yule” é usado para descrever o feriado, como na língua escocesa, mas há países que ainda mantém as festividades do antigo povo.

“Existe a vinculação de Natal e Yule em outras culturas, além da nórdica, e as práticas culturais vão se difundindo e se consolidando.

O culto aos deuses foi renovado e envolvido pelo dogmatismo cristão e a relação mais religiosa com a natureza foi, aos poucos, sendo sobreposta aos ritos pagãos.

Apesar de tudo, muitos pesquisadores dizem que o culto pagão coexistiu”, diz Souza.

Neste momento da história, as festividades se constituem no calendário civil e se fundem com o calendário religioso.

O Papa Gregório XIII, em 1532 d.

C.

, institui um novo calendário a partir da distribuição do tempo, e no interior desse calendário o ponto de partida é o nascimento de Cristo, mas não deixa de levar em conta o ciclo solar.

“Há vários natais, vários calendários, então não se pode fazer uma leitura do Natal de uma visão equivocada de um contraponto cristão.

A história não se resumiu a isso, ela é muito maior.

É preciso que a gente entenda como as culturas se constituíram com as práticas religiosas porque teremos uma visão dos diversos calendários e a dimensão dos símbolos.

Para as práticas da velha religião, por exemplo, o início do ciclo não é no pós-Natal, se dá antes do Yule.

É no momento que o sol morre para renascer, que é no Sabbat de Samhain [celebração em honra aos ancestrais], sincretizado com o Dia das Bruxas”, explica a doutora em Educação.

Sabbats: passagens de tempo baseadas na natureza Além do calendário que cristão são a seguir, chamado de calendário gregoriano, há um outro mais antigo, chamado de Roda do Ano, com raízes na cultura Celta.

Ele segue as estações do ano e possui oito celebrações, chamadas de sabbats.

A Roda do Ano representa o ciclo de vida, morte e renascimento.

Foram as celebrações do instrumento de contagem do tempo que deram origem a diversas festas que conhecemos nos dias atuais, como a Páscoa e o Carnaval.

A Terra é dividida pela Linha do Equador, o que interfere diretamente nas estações do ano de quem está acima ou abaixo dela, e por este motivo, existem a Roda do Ano Norte e a Roda do Ano Sul.

No Brasil, como está abaixo da linha, é comum a utilização da Roda Sul, porém, em estados do Norte do país e alguns estados do Nordeste, que possuem estações climáticas diferentes do restante do país, é possível acompanhar a Roda Norte.

Em Belém, no Pará, por exemplo, começou a época de chuvas, conhecida como Inverno Amazônico, enquanto o restante do país já sente a chegada do verão, com início oficial no dia 22 de dezembro, conhecido como início do Solstício de Verão por aqui, e como Solstício de Inverno para quem acompanha a Roda do Ano Norte.

No mês de dezembro as chuvas se intensificam em Belém.

Período é conhecido como Inverno Amazônico.

Joyce Ferreira/Comus Solstício é um evento celeste que marca a posição mais alta ou mais baixa do sol.

No Solstício de Inverno o sol está em sua posição mais baixa e tende a aumentar.

Ao chegar no Solstício de Verão, posição mais alta, a posição tende a diminuir.

O Sabbat correspondente ao Solstício de Inverno é Yule.

Para os brasileiros a mudança nesse período do ano é sutil, podendo ser percebida no anoitecer mais rápido, como no Norte do país.

Seguir uma das Rodas do Ano e celebrar os sabbats permitem com que o celebrante entre em contato com a natureza.

“A Roda do Ano é uma espécie de um calendário de celebrações solares, relacionadas aos ciclos solares, de colheitas, dos ciclos da terra, da dimensão sazonal que os povos tinham com eles, como o período que as árvores ficavam frutíferas, embaixo da neve, das chuvas, então são as relações humanas com os ciclos naturais, e ela também se dá com a relação com o divino”, completa a pesquisadora.

Como celebrar Yule Enfeite uma árvore com fitas na cor que desejar para que a vida continue forte no ciclo da vida.

Partilhe presentes com as pessoas amadas.

Faça um bolo no formato da tora de uma árvore.

Faça um bolo de sortilégios: coloque dentro dele, em um papelote de alumínio, desejos para o novo ciclo e convide a família e os amigos para partilhar as fatias.

Agradeça a presença da Deusa Mãe e do Deus Sol, abençoe a casa e a quem estiver no local, e mantenha os símbolos de Yule - veja abaixo - em um altar.

“Lembre-se: Yule é um ciclo que não se fecha em um único dia”, reforça Roseli Souza.

Símbolos de Yule utilizados no Natal ???? Símbolos: pinheiros, pinhas, flocos de neve, estrelas, troncos, velas, frutas vermelhas.

???? Cores ????Verde – representa fertilidade e esperança ??Dourado - prosperidade, energia solar ????Vermelho - fogo, transformação ?Branco – cor da calma, da neve, que lembra morte e renascimento ???? Bebidas: vinho, quentão, sidra de maçã, chá de hibisco e gengibre, chocolate quente.

???? Comidas: nozes, castanhas, maçã, panetones, bolos, comidas com milho, com amendoim, batata e abóbora.

????? Temperos: canela, noz moscada, gengibre, pimenta-do-reino, pimenta rosa, cominho.

???? Aromas: louro, cedro, pinho, laranja, canela, cravo, gengibre.

???? Animais: renas, cervos, ursos, esquilos, roedores.

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Publicada por: RBSYS

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